Material de auxílio para o artigo

O Organizar de Práticas Cooperativas no Contexto de um Ambiente de Estágio em Desenvolvimento de Software


Ariádna Miranda, Federal University of Ceará, Crateús, Ceará, Brazil, ariadnamiranda022@gmail.com

Allysson Allex Araújo, Federal University of Ceará, Crateús, Ceará, Brazil, allysson.araujo@crateus.ufc.br

Emanuel Coutinho, Federal University of Ceará, Quixadá, Ceará, Brazil, emanuel.coutinho@ufc.br

Jerffeson Souza, State University of Ceará, Fortaleza, Ceará, Brazil, jerffeson.souza@uece.br


1 - Abstract

Soft skills are not trivial to be taught, although they are preponderant to be improved during the academic experience of future software engineers. Understanding how such skills are perceived and practiced during the supervised internship poses to be relevant, given the opportunity for students to enhance their skills. Grounded on the Practice Theory, we investigate how the organization of soft skills occurs as a bundle of cooperative practices in the context of the Federal University of Ceará (Campus de Crateús) internship environment. We highlight as contributions i) the proposition of a conceptual model for investigating cooperative practices; ii) the analytical contrast between doings and sayings and iii) the empirical reflection for students on the role of soft skills.

Keywords: Social practices, Software Engineering, Social and Cooperative Aspects.

Resumo

As soft skills não são triviais de serem ensinadas, embora sejam preponderantes de serem aprimoradas durante a formação acadêmica de futuros engenheiros de software. Compreender como tais habilidades são percebidas e exercidas durante o estágio supervisionado demonstra-se salutar, tendo em vista a oportunidade de lapidação formativa dos discentes. Sob a lente da Teoria das Práticas, esta pesquisa investiga como ocorre o organizar de soft skills enquanto feixe de práticas cooperativas no ambiente de estágio da Universidade Federal do Ceará (Campus de Crateús). Dentre as contribuições, destaca-se i) a proposição de um modelo conceitual para investigação das práticas cooperativas; ii) contraste analítico entre feitos e ditos e iii) viabilização de reflexão empırica aos alunos sobre o papel das soft skills.

Palavras-chave: Práticas Sociais, Engenharia de Sofware, Aspectos Sociais e Cooperativos.


2 - Trabalhos Relacionados

Com o objetivo de discutir os trabalhos relacionados à presente pesquisa, apresentase uma seção focada nas pesquisas que tratam sobre Práticas na Engenharia de Software e trabalhos que abordam o tema Soft skills na Engenharia de Software. Por fim, realiza-se uma síntese comparativa em relação ao estado da arte.

2.1 - Práticas em Engenharia de Software

Dittrich (2016), desenvolve um conjunto de conceitos baseados na definição de práticas em filosofia, em que tais conceitos são usados como base para descrever o contexto de desenvolvimento de software como uma prática. Além disso, visa mostrar que é preciso ter uma base teórica para entender o desenvolvimento de software como prática e para se compreender como os métodos e ferramentas são apropriados no desenvolvimento cotidiano de software. A autora define métodos como padrões de prática que precisam estar relacionados e integrados a uma prática de desenvolvimento já existente, onde a aplicação do método é conceituada como o desenvolvimento de uma prática. Assim, os conceitos teóricos permitem explicar a diversidade na aplicação de métodos de Engenharia de Software de acordo com os resultados de pesquisa empírica.

Giuffrida e Dittrich (2014) apresentam em seu trabalho um estudo sobre como ocorrem as práticas cooperativas em desenvolvimento de software em que a equipe de desenvolvimento são estudantes inexperientes, falam línguas diferentes e trabalham remotamente. Principalmente como é feita a comunicação entre essa equipe, tanto se tratando de artefatos como da comunicação direta entre os desenvolvedores. Toda a comunicação é feita através do apoio de um social software (SoSo). A pesquisa foi realizada através de uma abordagem etnográfica em que um dos pesquisadores participou das reuniões e a equipe autorizou aos pesquisadores livre acesso aos artefatos do sistema. Dessa forma foram identificados seis mecanismos de coordenação: File Sharing, Minutes Sharing, Issue Managing System, Subversion Repository, Standup Meeting e Agenda. Percebeu-se que a equipe conseguiu superar desafios e mesmo assim desenvolver formas de cooperarem entre si.

Päivärinta e Smolander (2015) enfocam em seu trabalho em gerar suporte teórico para o desenvolvimento de software. Criam um modelo chamado Coat Hanger para teorizar sobre as práticas de desenvolvimento. O objetivo desse modelo é fornecer uma maneira estrutu21 rada de investigar e criar teorias sobre práticas em desenvolvimento de software, baseando-se em seis conceitos: aprendizado, prática, contexto de desenvolvimento, lógica, impacto e teoria. Para utilizar o modelo, os autores fizeram uma pesquisa de artigos na revista Science of Computer Programming para identificar artigos mais recentes sobre Engenharia de Software, mais especificamente entre os anos de 2010 e 2013. No total foram 371 artigos encontrados sobre o tema. O critério de inclusão do artigo no modelo era:

  1. O estudo reúne conhecimento de contextos / profissionais de desenvolvimento de software profissional e inclui alguma forma de observação direta;
  2. O estudo enfoca o trabalho dos profissionais de software.
Dos 371 apenas 4 obedeciam ao critério, ou seja, apenas esses artigos observaram diretamente o desenvolvimento profissional de software, utilizando os profissionais como informantes, o que demonstra que a Engenharia de Software tende a valorizar mais a racionalidade técnica em vez da reflexão em ação.

Dittrich e Vaucouleur (2008) abordam em seu artigo um estudo sobre as práticas em relação a personalização de sistemas padrão ERP, ou seja, alterar um sistema já existente de acordo com as necessidades de cada empresa. No artigo, os autores investigam dois sistemas através de pesquisa empírica utilizando vídeos, pesquisa on-line direcionada aos profissionais de ERP e por fim entrevistas presenciais aos gerentes de TI. Além disso, empresas de pequeno e médio porte também foram entrevistadas. Os autores demonstraram em sua pesquisa que o compartilhamento informal de conhecimento e a aprendizagem entre pares são a principal forma de desenvolver habilidades. Em todo o material investigado esse aspecto das práticas de desenvolvimento foi enfatizado. Todas as empresas abordavam ativamente o compartilhamento de conhecimentos, desenvolvedores iniciantes e desenvolvedores experientes se uniram em projeto e dessa forma estabeleceram relações informais de aprendizagem.

2.2 - Soft skills na Engenharia de Software

França e Mellet (2016) fazem um estudo de quais soft skills são mais requisitadas nos anúncios de empregos na área de TI. Os autores analisam 420 anúncios em empresas que estão localizadas no Porto Digital, Recife-PE. Além disso, separaram as soft skills mais requeridas por funções exercidas como engenheiros de software, analistas de qualidade, designers de software e analista de requisitos. Percebeu-se uma alta demanda por fluência em inglês, trabalho em equipe e proatividade. Assim, os resultados reforçam ainda mais a importância das soft skills na área de desenvolvimento de software.

Ahmed et al. (2012) apresentam em seu artigo uma avaliação sobre a demanda de soft skills no mercado de TI. O estudo é feito com base em 500 anúncios de empregos em diferentes cargos como analista de sistemas, designer de software, programador e testador. Os anúncios foram pesquisados em diferentes sites da América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. Apenas nove soft skills foram identificadas nos anúncios sendo elas: comunicação, habilidade analítica e resolução de problemas, habilidades interpessoais, trabalho em equipe, habilidades organizacionais, aprendizagem rápida, capacidade de trabalhar independente, criatividade e aberto a mudanças. Em todos os anúncios dos diferentes cargos a demanda por comunicação é alta. Já a criatividade possui uma baixa demanda e a habilidade de trabalhar de forma independente possui demanda média.

El-Sofany et al. (2014) examinam qual competência um gerente de projeto de TI precisa ter para liderar uma equipe virtual com sucesso. Os autores elaboraram um questionário dividido em três partes, em que a primeira era sobre o perfil do entrevistado, a segunda sobre o último projeto participado e a terceira parte sobre as competências do gerente do projeto em que eles priorizavam e classificavam a competência técnica e comportamental de acordo com a importância. Foram entrevistadas 31 participantes. O principal resultado da pesquisa é que é necessário uma combinação de hard e soft skills para liderar equipes virtuais e que as soft skills mais importantes para liderar uma equipe são: liderança, comunicação, confiabilidade/eficiência, trabalho em equipe e gestão de qualidade.

2.3 - Síntese comparativa

Os trabalhos sobre práticas na Engenharia de Software serviram como base para o presente trabalho para melhor compreender como ocorrem as práticas e como são investigadas no contexto da Engenharia de Software. Já os trabalhos sobre soft skills, serviram para identificar quais habilidades sociais são mais requeridas no mercado de trabalho, além de entender a sua real importância para os profissionais da área. Portanto, constata-se que há uma lacuna teóricoempírica concernente ao estudo de práticas cooperativas sob o contexto de um ambiente de estágio de desenvolvimento de software.

Referências

AHMED, F.; CAPRETZ, L. F.; CAMPBELL, P. Evaluating the demand for soft skills in software development. It Professional, IEEE, v. 14, n. 1, p. 44–49, 2012.

DITTRICH, Y. What does it mean to use a method? towards a practice theory for software engineering. Information and Software Technology, Elsevier, v. 70, p. 220–231, 2016.

DITTRICH, Y.; VAUCOULEUR, S. Practices around customization of standard systems. In: ACM. Proceedings of the 2008 international workshop on Cooperative and human aspects of software engineering. [S.l.], 2008. p. 37–40.

EL-SOFANY, H. F.; ALWADANI, H. M.; ALWADANI, A. Managing virtual team work in it projects: Survey. International Journal of Advanced Corporate Learning (iJAC), v. 7, n. 4, p. 28–33, 2014.

FRANÇA, C.; MELLET, D. Soft skills required! uma análise da demanda por competências não-técnicas de profissionais para a indústria de software e serviços. Anais do IX Fórum de Educação em Engenharia de Software (FEES 2016), 2016.

GIUFFRIDA, R.; DITTRICH, Y. How social software supports cooperative practices in a globally distributed software project. In: ACM. Proceedings of the 7th International Workshop on Cooperative and Human Aspects of Software Engineering. [S.l.], 2014. p.24–31.

PÄIVÄRINTA, T.; SMOLANDER, K. Theorizing about software development practices. Science of Computer Programming, Elsevier, v. 101, p. 124–135, 2015.


3 - Questionários

Download do Questionário.


4 - Síntese da Análise Temática de Conteúdo

Liderança

Comunicação

Trabalho em equipe


5 - Monografia

Download de Monografia de Graduação defendida na Universidade Federal do Ceará (Campus de Crateús).

Junho 2020 (última atualização: Junho 2020).